"METABLOGUISMO"
Ontem na NTV, no “Livro Aberto”, debate sobre os “blogues”, moderado por Francisco José Viegas (Aviz), com as participações de: Pedro Mexia (Dicionário do Diabo); Ricardo Araújo Pereira (Gato Fedorento); Nuno Jerónimo (Blogue dos Marretas); Bernardo Rodrigues (Desejo Casar) e Cristina Fernandes (Janela Indiscreta).
Algumas notas / “referências ao correr da pena” (ou, no caso, com mais propriedade, “ao correr do teclado”):
Francisco José Viegas – “Poderão os blogues ser encarados como alternativa aos meios de comunicação tradicionais? Os blogues são “umbiguistas”? Existe uma referência permanente aos livros: links, referências, citações, “blogues temáticos” dedicados à literatura. Há pessoas que são viciadas (addicted) na escrita nos blogues? Os blogues vão sobreviver ao Verão? Os políticos podem aprender alguma coisa com os blogues?”
Pedro Mexia – “Comecei por ler o Andrew Sullivan (“Como fazer um blogue”; foi como um “manual de instruções”). O blogue é um diário (não íntimo), público, na Internet. Começa a haver como que regras “deontológicas”: “um blogue, depois de escrito e publicado, não se apaga”. Nos blogues, há uma pluralidade de links para a imprensa genérica. É muito difícil manter um blogue sem estar informado (sem ler jornais). O blogue não pode ser nunca um substituto do jornalismo. O que mais me agrada nos blogues é a qualidade de escrita: hoje em dia, é claramente superior à dos jornais. Com a quantidade de blogues a aumentar, é impossível seguir todos os blogues; começa a haver blogues temáticos. A actualização constante é muito importante; se o blogue não for actualizado, os “leitores”, após um conjunto de visitas sem que haja novos textos vão começar a abandonar esse blogue; procuro escrever todos os dias. Não é uma questão de audiência; principalmente, isto é um hobby para todos nós!”
Ricardo Araújo Pereira – “Estamos a manifestar as nossas opiniões num obscuro recanto da Internet! Os outros meios de comunicação social também se comentam muito uns aos outros. Os blogues recuperam a tradição da tertúlia. O blogue permite manter uma “conversa”, através de uma linguagem por escrito (sem ser ao nível da “linguagem degradada” do chat); há uma linguagem cuidada nos blogues. A linguagem do blogue não é uma linguagem “comercial” como a utilizada pelas “Produções Fictícias”. No fundo, essencialmente, nós somos pessoas que gostam de escrever.”
Nuno Jerónimo – “Nós somos professores universitários; por definição não há vida íntima… Qualquer profissão que tenha por pressuposto a exposição pública (por exemplo, ser professor) pode ser considerada uma forma de exibicionismo? A leitura do blogue é um gesto activo; só lê quem quer; não é um veículo de comunicação passivo, como a televisão, que “impõe a sua presença”. Os blogues apenas poderão ser entendidos como complemento aos restantes meios de comunicação. Os blogues têm – talvez surpreendentemente – um conjunto de pessoas a escrever bem. Pode parecer pretensioso, mas deixamos mensagens do tipo: “Este fim-de-semana vamos estar ausentes” (é um cuidado para com o “leitor”). Tenho tantos blogues para ler! Agora só leio blogues; blogues, exames e o “Corto Maltese”.”
Bernardo Rodrigues – “A prova do mês de Julho / Agosto vai ser determinante para ver qual será a evolução deste fenómeno, para avaliar até que ponto se trata de uma “moda” mais ou menos passageira. O blogue é de reacção imediata; a escrita é um gesto imediatista, mas que deixa rasto … “não se apaga um texto que tenha sido escrito”. A questão do “tempo” é fulcral, no sentido em que há um “feedback quase online”.”
Cristina Fernandes – “Não há “umbiguismo”, nem exibicionismo; estamos a falar para poucos, em circuito fechado, entre nós; a “audiência” ainda é muito restrita.”
E assim disseram... Está dito! E bem dito! (por eles, obviamente...).
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