quarta-feira, julho 23, 2003

OS "BLOGUES" NO BRASIL E EM PORTUGAL

Tem muita razão Binoc no texto que escreve sobre os “blogues” em Portugal e no Brasil, o qual me parece uma análise pertinente e interessante.

Numa outra “visão” (de quem apenas conhece o “lado de cá do Atlântico”), é a seguinte a leitura (numa perspectiva meramente pessoal, em “10 pontos” – porventura ainda algo imediatista) que faço deste fenómeno:



1. Os “blogues” acabam de nascer em Portugal (enquanto que no Brasil, têm um historial já “velho”, de mais de 2 anos…).



2. Temos portanto um "atraso enorme" relativamente aos blogues do Brasil (com uma divulgação e “circulação” incomparáveis – bem patente na abissal diferença do número médio de visitantes de qualquer “blogue”, entre os dois países – o Brasil é um “país-continente”); em termos de número de “blogues”, a “relação de forças” será qualquer coisa do tipo: 1 300 (dos quais mais de metade com menos de 1 mês!!!) em Portugal, para algumas dezenas de milhares (mais de 30 000?) no Brasil.



3. Em Portugal, há alguns “blogues” sem links e, muitos outros (incluindo o meu), sem sistema de comentários (o que não quererá significar necessariamente que sejam “ensimesmados”, desde logo, porque terão, na maior parte dos casos, indicação de e-mail de contacto).



4. Os “comentários” nos “blogues” brasileiros parecem-se, muitas vezes, com um diálogo (tipo “chat”) alargado a um grupo mais ou menos vasto de pessoas – é como se se tivesse substituído a “comunicação” via e-mail (ou a mais juvenil via “SMS”) pela “comunicação” via “comentários” nos “blogues”.



5. Os “blogues” portugueses serão, na generalidade, bastante “mais sérios” (fará talvez parte da diferente “matriz genética cultural” dos dois povos…) – mas também os há (e “bons”) em que o humor é a “pedra de toque”.



6. Efectivamente, os “blogues” brasileiros caracterizam-se geralmente por uma “festa de cor e arte visual” (tendencialmente exagerada – que, em alguns casos, impossibilita, na prática, qualquer tentativa de leitura, tal a quantidade de “bonecos”, “gadgets”, “imagens saltitantes”, sortido de cores …).



7. Os “blogues” brasileiros são, muitos deles, do tipo “Meu querido diário” (portanto, com um interesse geral limitado).



8. Os “blogues” brasileiros parecem ser mantidos, em número importante, por mulheres (aparentemente, de todas as idades – desde as jovens adolescentes, com as suas “historinhas” de flirts, até às “mais maduras”, já avós, que não hesitam em postar as fotos dos netinhos e das reuniões sociais com as amigas, quando não do “chá das cinco de ontem”).



9. Cá, como lá, há “bons” (vidé links “Brasil”, cujo primeiro levantamento coloquei ontem na minha lista de “favoritos”) e “menos bons” “blogues”; nem sempre a quantidade fará a qualidade, mas o número de opções disponíveis deverá resultar, em termos médios, numa maior diversidade, potencialmente enriquecedora de conteúdo.



10. Acima de tudo – concluindo, concordando com Binoc – o que deverá contar realmente, é o prazer que se tira da experiência da escrita (e, porque não reconhecê-lo também, de “ser lido” por outros e de se saber que “se é lido”).



P. S. – Obrigado ao Carta Aberta pela referência. Fico muito satisfeito que tenha valido a pena a “rápida incursão” que fez pelos blogues portugueses. Volte sempre!

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