quinta-feira, outubro 02, 2003

O VÍCIO DOS “BLOGUES” (I)

O vício dos “blogues” compreende duas vertentes distintas, mas complementares e (no caso de quem escreve) indissociáveis: por um lado, o impulso (“a necessidade…”?) de actualização, o mais regular e frequente possível, do seu “blogue”; por outro, a leitura (pelo menos diária) de outros “blogues”.

Em relação ao primeiro aspecto: qual a origem desse impulso ou necessidade? o que representa o “blogue” para o seu autor? até que ponto se “confundem os dois”? o “blogue” reflectirá o “ego” do “bloguista”, o seu “outro eu”? (“escondido”, mas que, a pouco e pouco, se vai revelando… – mesmo que o “blogue” aborde todos os temas excepto os que têm mais directamente a ver com o próprio “autor”).

A flexibilidade e facilidade de adaptação da ferramenta constituem a sua grande força, possibilitando que cada um exprima da forma que melhor lhe aprouver as suas emoções e ideias, desvendando a personalidade característica do autor. Ao escrever, o “bloguista” reflecte (sobre) a vida do seu “outro eu”.

Quando o “bloguista” trata de determinado assunto da actualidade, é porque esse assunto lhe é “caro”; ao falar de um determinado tema, está a revelar um pouco da sua “intimidade”; aqui e ali, vão-se libertando informações que vão permitindo “montar as peças do puzzle” e começar a dar forma a um esboço do seu auto-retrato (idade aproximada, tendências ideológicas e/ou clubísticas, envolvente profissional e sócio-geográfica, enfim, integração num determinado “grupo de pertença”…).

Podendo aperceber-se o vício de “blogar” como uma forma evoluída de vício, a verdade é que se trata de um vício “diferente” (contrariamente ao tabaco ou ao álcool, que serão vícios considerados “negativos”), o vício dos “blogues” gera, não só efeitos negativos, mas também efeitos positivos.

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