sexta-feira, outubro 10, 2003

“ADEUS, LENINE”

O retrato da RDA “ideal”. Um filme “histórico”; em Outubro de 1989, nas vésperas da comemoração dos 40 anos da República Democrática Alemã (a outrora famosa “DDR”), Mikhail Gorbatchov visita Berlim Leste, onde se encontra com o “camarada” Erich Honecker.

Passados alguns meses, recuperada de uma situação de coma, o filho oculta à mãe as radicais alterações entretanto ocorridas no país, “inventando” para ela um país ideal em lugar da mera “restituição” do país em que vivera.

A obsessão do filho transforma-o num coleccionador das memórias dos produtos e marcas desaparecidos com a queda do "Muro de Berlim" e do sistema totalitário que estava na sua base (desde os famosos Trabant, passando pelo café “Rondo”, até às conservas “Spreewald”).

O filme vem reavivar a nostalgia do leste (“Ostalgie”), cada vez mais objecto de análise por sociólogos, escritores e jornalistas, reconstruindo as memórias que foram como que “apagadas” na sequência da reunificação da Alemanha, em que houve uma procura de imitação de todos os aspectos da forma de vida “ocidental”.

A RDA, uma “ficção” criada pela ex-URSS na sequência da II Guerra Mundial, o “paraíso dos operários e camponeses” (os alemães de leste beneficiavam mesmo dos melhores padrões de qualidade de vida de entre os países do bloco comunista), uma “fábrica de campeões” (o desporto visto como um poderoso instrumento de propaganda) – mas também a “materialização” da visão negativa do “Big Brother” de George Orwell – ruiu como um “castelo de cartas” com a queda do "Muro de Berlim".

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