quarta-feira, setembro 10, 2003

“MENSAGEM” – FERNANDO PESSOA (III)

“As Quinas” começam com “O Eloquente” D. Duarte, prosseguindo com os Infantes D. Fernando, o “santo cavaleiro”:

Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça

A sua santa guerra

Cheio de Deus, não temo o que virá,

Pois venha o que vier, nunca será

Maior do que a minha alma
,



D. Pedro e D. João; finaliza com a “personagem-símbolo”, o (“loucamente”) ambicioso D. Sebastião:

Louco, sim, louco, porque quis grandeza

Qual a sorte a não dá

Minha loucura, outros que me a tomem

Com o que nela ia

Sem a loucura que é o homem

Mais que a besta sadia,

Cadáver adiado que procria
?”
.



A “loucura pela grandeza” de D. Sebastião alia-se de seguida ao misticismo da espada de Nuno Álvares Pereira, o líder preparado para a batalha:

Mas que espada é que, erguida,

Faz esse halo no céu?

É Excalibur, a ungida

Que o Rei Artur te deu
.



A I Parte conclui-se com: o Infante D. Henrique, o senhor do mar, com “O globo mundo em sua mão”; D. João II, uma das figuras de maior influência na História da humanidade, por via do decisivo impulso dos Descobrimentos:

Braços cruzados, fita além do mar.

Parece em promontório uma alta serra –

O limite da terra a dominar

O mar que possa haver além da terra
;



e, por fim, o vice-rei da Índia D. Afonso de Albuquerque.

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