CARLOS FINO NO IRAQUE
Carlos Fino não precisará de “advogado”, nem eu seria a pessoa indicada para desempenhar tal papel.
Vejo, na “blogosfera”, algumas referências e comentários ao seu estilo, forma de abordagem e mesmo à sua suposta “falta de objectividade” (em particular, no Abrupto).
Acho que talvez valha a pena recordar o seguinte: Carlos Fino é um profissional de vasta experiência, com provas dadas, correspondente durante muitos anos na ex-URSS, depois nos EUA, também na Europa e, nos últimos tempos, sempre disponível para estas “missões de risco” (na sequência das suas reportagens durante a guerra do Iraque, foi até objecto de reconhecimento internacional, em especial no Brasil, que lhe prestou homenagem pelo seu trabalho).
E é aqui (nas “missões de risco”) que “bate o ponto”: é verdade que Carlos Fino, presente no “teatro das operações”, tem a responsabilidade de ser os “nossos olhos” e de narrar o mais fielmente possível os acontecimentos. Mas é também importante sublinhar isto mesmo: é talvez fácil, e seguramente mais cómodo, para nós, confortavelmente instalados nas nossas casas, frente à televisão, criticar a abordagem, as “tendências”, os “excessos” do repórter; mas, a quem “vive” os acontecimentos “por dentro”, no preciso instante em que eles ocorrem (“no calor do momento”), não será talvez exigir demasiado que o repórter seja absolutamente isento, “frio”, racional e “sem emoções”?
Quanto à falta de objectividade, esta será uma matéria que, porventura, será apreciada também em função da perspectiva em que se coloca o espectador; ser objectivo será talvez – no contexto em causa – algo próximo de uma abstracção; o que se pede (“exige”) é que o repórter seja “verdadeiro”.
P.S. - Já agora, uma outra "visão" do Iraque, por Mario Vargas Llosa, através de um conjunto de artigos publicados no "El Pais" e "Le Monde": "La liberté sauvage"; "Les croyants"; "Des pillards et des livres"; "Les haricots blancs"; "Othello à l'envers"; e "Chez les Kurdes".
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