A EUROPA DAS LÍNGUAS (VII)
“Deste modo, os europeus de hoje vêem-se perante uma situação difícil. Por um lado, sabemos que o inglês se está a tornar na língua de comunicação internacional e que é inútil tentar ignorá-lo. Por outro lado, negamo-nos a admitir o inglês como meio de comunicação obrigatório nas nossas relações mútuas. O dilema só tem uma saída: negar que o papel de língua de comunicação seja atribuído a uma só língua. Aprender e utilizar o inglês, mas aprender e utilizar também outras línguas, as que em cada caso forem as mais apropriadas. Um exemplo: se um cidadão alemão se instala em Madrid por uma temporada não parece desejável que tenha que recorrer ao inglês e é preferível que faça um esforço para comunicar em espanhol e, ao mesmo tempo, que encontre espanhóis interessados pelo alemão e mesmo capazes de o falar. Se se instala em Amsterdão, é bom que os seus esforços se dirijam para o neerlandês e se for para Barcelona, que esteja consciente de que aí se fala espanhol e catalão, ou se for para Bruxelas, que aí se fala francês e neerlandês.
O facto de a Europa ser um conjunto de países cada um com uma ou várias línguas não pode significar o sacrifício desta variedade a favor de uma língua determinada mas sim, pelo contrário, o assegurar da continuidade desta variedade.
É evidente que nem todas as línguas têm o mesmo peso nem as mesmas possibilidades históricas e que umas avançam enquanto outras retrocedem, mas a política linguística da construção europeia tem de ter por objectivo a manutenção da diversidade.”
Com este último extracto, assim se conclui a apresentação da obra “A EUROPA DAS LÍNGUAS”, de Miquel Siguan (coedição da Terramar com a SILC).
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