A EUROPA DAS LÍNGUAS (VI)
"Embora estas tentativas tenham sido numerosas limitar-me-ei ao esperanto, dado a conhecer por Zamenhof em 1887, e que, se não foi a primeira nem será a última tentativa, é sem dúvida aquela que conseguiu a maior difusão.
…
Zamenhof concluiu que no nosso tempo era imprescindível dispor de uma língua de comunicação internacional e que esse papel não podia ser representado por nenhuma das línguas já existentes porque todas tinham implicações culturais e nacionais tão fortes que nenhuma delas conseguiria uma adesão generalizada. Era assim necessário inventar uma língua que, ao contrário das já existentes, apresentasse um máximo de racionalidade e de simplicidade de forma a que a sua aquisição fosse muito fácil. Zamenhof, que era um linguista distinto, não pretendeu inventar a língua da cabeça aos pés e tomou por modelo a estrutura básica do latim – portanto, das línguas românicas –, combinando-a com elementos tirados tanto das línguas germânicas como das eslavas e procurando integrar estes diferentes elementos num sistema claro e coerente que respondesse aos objectivos que pretendia alcançar.
A nova língua logo encontrou adeptos e também imitadores que tentaram melhorá-la com novas propostas de línguas internacionais auxiliares. Embora algumas destas propostas tenham conseguido alguma atenção, nenhuma alcançou a popularidade do esperanto, que cedo ganhou adeptos em todo o mundo.
…
Graças ao entusiasmo dos seus partidários, o esperanto não só se começou a utilizar para comunicações privadas como alcançou também um certo uso impresso em jornais e livros, tanto para passar informações como enquanto suporte de obras de criação literária originais ou traduzidas. Praticamente todas as grandes obras da literatura universal foram entretanto traduzidas para esperanto.
…
Passado um século e meio sobre a sua introdução, a verdade é que o esperanto, embora conserve nalguns países núcleos de partidários fiéis, não conseguiu os objectivos que pretendia alcançar.
…
E a ironia da história é que o inglês simplificado que se utiliza maioritariamente para essas funções apresenta algumas das características mais próprias do esperanto: simplicidade e ausência de conotações culturais sem que seja, porém, tão fácil de aprender."
“A EUROPA DAS LÍNGUAS”, de Miquel Siguan (coedição da Terramar com a SILC)
P.S. Mais um agradecimento, ao iloveamerica.
[144]
Sem comentários:
Enviar um comentário