sexta-feira, agosto 08, 2003

A EUROPA DAS LÍNGUAS (V)

"As línguas da Europa utilizam basicamente três alfabetos: o alfabeto grego, o latino e o cirílico. O grego é o mais antigo e, embora tenha sofrido alterações ao longo dos séculos, utiliza-se ainda na Grécia para transcrever a língua grega. Do alfabeto grego, os Romanos fizeram derivar o latino, adoptado pela Igreja ao longo da Idade Média e que foi aquele que se utilizou para conservar a cultura antiga em forma de manuscritos, o qual veio a ser utilizado posteriormente na imprensa. Nos países germânicos, a tradição manuscrita cristalizou no gótico – um alfabeto diferente, que ao longo do séc. XIX se foi abandonando em favor do latino, mais claro. A reacção nacionalista de Hitler impôs o uso obrigatório do alfabeto gótico, mas foi precisamente essa imposição e a sua conotação política que fizeram com que, acabada a guerra, se abandonasse o seu uso.

O alfabeto grego teve uma derivação quando, no séc. IX, os santos Cirilo e Metódio, evangelizadores dos países eslavos, inspirando-se nos caracteres gregos desenharam um alfabeto que julgaram adequado para representar a fonética eslava e que, de facto, se generalizou nestes países, estreitamente ligado à religião ortodoxa e, posteriormente, ao império dos czares. Com a União Soviética, perdeu estas conotações, mas continuou ligado à língua russa e à sua expansão, de tal modo que, quando os comunistas russos decidiram revitalizar as línguas minoritárias da URSS, mesmo várias que nunca tinham tido um uso escrito, impuseram o alfabeto cirílico para a sua transcrição.



Com excepção da Grécia, todos os outros países da União Europeia utilizam caracteres latinos e, portanto, o mesmo alfabeto, o qual não é exactamente o mesmo para todas as línguas pois há particularidades locais em princípio menores ou mesmo insignificantes, mas que na prática põem problemas às vezes graves."




“A EUROPA DAS LÍNGUAS”, de Miquel Siguan (coedição da Terramar com a SILC)

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