sexta-feira, outubro 03, 2003

O VÍCIO DOS “BLOGUES” (II)

O “bloguista” acaba por – mesmo de forma inconsciente – impor-se uma auto-disciplina “férrea” para escrever diariamente; sendo verdade que escreve, em primeira análise, para si próprio, espera, complementarmente, poder criar um “ciclo virtuoso”, ver o nível de “feed-back” (avaliado em função do número de “visitantes”) aumentar a cada dia, constituindo paralelamente uma motivação extra para se “dedicar a novas pesquisas” de outros temas que possam interessar aos seus leitores e trazer novas visitas (em oposição ao “ciclo vicioso” da falta de temas de interesse, quebra do número de visitantes e eventual desmotivação do autor, com o fim do “blogue”).

Ao escrever diariamente sobre os mais variados temas, tal implica um “trabalho de casa” preparatório, passando particularmente pela necessidade de se manter permanentemente informado; não é possível manter um “blogue” sem ler jornais!

Mas, como dizia Pacheco Pereira no Abrupto, trata-se de um “monstro insaciável”, de “combustão imediata” e que pode tornar-se muito desgastante, levando a uma necessidade de “sacudir esta dependência”: não será por acaso que vários dos “bloguistas” mais activos sentiram a necessidade de suspender temporariamente a “actividade” (por exemplo, Pedro Lomba / Flor de Obsessão, mas também Francisco José Viegas / Aviz ou João Nogueira / Socioblogue), ou mudar de rumo “editorial” (Pedro Mexia / Dicionário do Diabo) ou, de forma mais radical, acabar mesmo com o “blogue” (Guerra e Pas, Catarina Campos / 100nada) – não obstante se poder advogar que essas decisões foram bastante determinadas por questões de disponibilidade de tempo.

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