domingo, setembro 14, 2003

PESSOA E OS SEUS HETERÓNIMOS

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, no dia de Santo António de 1888, tendo, aos 8 anos, acompanhado os pais na sua ida para a África do Sul (Durban). Aos 15 anos, ganhou o prémio “Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança”.

Regressou sozinho a Lisboa, em 1905. Passou a trabalhar como tradutor e “correspondente estrangeiro em casas comerciais”, pois “ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação”; colaborou ainda com uma agência publicitária, entre 1925 e o ano da sua morte, 1935.

Em 1915, fundou a revista Orpheu, com Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros; em 1917, é lançado o número único da “Portugal Futurista” e, em 1921, a “Contemporânea”. Em 1924, com Ruy Vaz, dirige a “Athena”; em 1927, escreve para a “Presença”.

O único livro que publicou em vida foi a “Mensagem”, conjunto de poemas dedicados aos heróis nacionais e ao papel de Portugal no mundo, que viria a ser premiado pela Secretaria de Estado da Propaganda.

Pessoa “viveu” também pelos seus heterónimos, de que se destacam:



- “Alberto Caeiro” nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas viveu praticamente toda a sua vida no campo; não teve profissão nem educação quase alguma, para além da instrução primária. Era de estatura média, e, embora frágil (morreu tuberculoso), não o parecia tanto; louro, sem cor, olhos azuis. Vivia com uma velha tia-avó. O mestre, guardador de rebanhos, era um filósofo.



- “Ricardo Reis” nasceu em 1887, no Porto, é médico, deslocado no Brasil desde 1919, devido às suas ideias monárquicas. É, muito ligeiramente, mais baixo, mais forte, mais seco, de um vago moreno. Educado num colégio de jesuítas, era um latinista por educação alheia e um semi-helenista por educação própria; cultiva Horácio e a tradição clássica.



- “Álvaro de Campos” nasceu em Tavira, em 1890, sendo engenheiro naval. É alto, magro, entre branco e moreno, vagamente do tipo de judeu português. Teve uma educação vulgar de liceu, tendo estudado engenharia na Escócia, primeiro mecânica e depois naval. O engenheiro futurista, cultor da máquina e do progresso, era o mais crítico.



P.S. Até sempre, Vítor Damas!

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