sábado, setembro 13, 2003

“MENSAGEM” – FERNANDO PESSOA (VI)

A III Parte - “Encoberto” integra: (i) “Os Símbolos” (“D. Sebastião”, “O Quinto Império”, “O Desejado”, “As Ilhas Afortunadas” e “O Encoberto”; (ii) “Os Avisos” (“O Bandarra”, “António Vieira” e “Terceiro”); (iii) “Os Tempos” (“Noite”, “Tormenta”, “Calma”, “Antemanhã” e “Nevoeiro”).



Começa por mostrar-se a convicção no regresso do “Desejado” – o mito central do sebastianismo – (“É Esse que regressarei”), não correspondendo porém, necessariamente, a um ente individual, devendo, em alternativa, consubstanciar-se no conjunto do povo português, agindo sob a vontade de Deus.



O “Encoberto” surge como uma alusão à misteriosa Ordem dos Rosa-Cruz, em cujos princípios se deverá basear o Quinto Império (“Grécia, Roma, Cristandade, / Europa – os quatro se vão”):

Quando virás, ó Encoberto,

Sonho das eras português,

Tornar-me mais que o sopro incerto

De um grande anseio que Deus fez?




Também o Padre António Vieira foi um dos profetas do Quinto Império, manifestando na sua “História do Futuro” o seu místico sebastianismo. No decurso das suas missões no Brasil, escreveu um tratado designado “Esperanças de Portugal, Quinto Império do Mundo”.

Em “Os Tempos”, os irmãos “Poder” e “Renome” representam, respectivamente, o Império português e a fama que universalizou Portugal.

E, depois da “Tormenta”, vem a “Calma”… O “Antemanhã” representa aquilo por que é necessário passar antes do despertar.

O “Nevoeiro” antecede a chegada da luz (segundo o mito, D. Sebastião voltaria numa manhã de nevoeiro); na confusão do nevoeiro:

Ninguém sabe que coisa quer.

Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem”.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.

Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro…

É a Hora!




Valete, Fratres”.



E, com este “Adeus irmãos”, termino aqui esta brevíssima apresentação da "Mensagem".

Para amanhã - e a fechar esta semana de Pessoa -, fica a promessa de um dos mais belos poemas: "Tabacaria".

[252]



Sem comentários: