quinta-feira, setembro 11, 2003

“MENSAGEM” – FERNANDO PESSOA (IV)

A II Parte - “Mar Português” inclui: “O Infante”; “Horizonte”; “Padrão”; “O Monstrengo”; “Epitáfio de Bartolomeu Dias”; “Os Colombos”; “Ocidente”; “Fernão de Magalhães”; “Ascensão de Vasco da Gama”; “Mar Português”; “A Última Nau” e “ Prece”.



A posse do mar, permite a ligação do mundo (relembrando o Infante D. Henrique):

Deus quere, o homem sonha, a obra nasce.

Deus quis que a terra fosse toda uma,

Que o mar unisse, já não separasse
.”
,



mas a missão de Portugal não está ainda concluída:

Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.

Senhor, falta cumprir-se Portugal!
;



não basta o “mar com fim”:

E ao imenso e possível oceano

Ensinam estas Quinas, que aqui vês,

Que o mar com fim será grego ou romano:

O mar sem fim é português
.”
,



é necessário o “mar sem fim”, através do qual se alcançará um ponto divino:

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma

E faz a febre em mim de navegar

Só encontrará de Deus na terra calma

O porto sempre por achar
.”




Tal como o Adamastor em “Os Lusíadas”, o “Monstrengo” representa o temor de vencer sentido pelos marinheiros, mas, ao mesmo tempo, os obstáculos a vencer:

E disse: “Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?”

E o homem do leme disse, tremendo:

“El-Rei D. João Segundo
!””




Colombo, que tentara durante anos o apoio do Rei de Portugal, acabaria por descobrir o Novo Mundo sob a égide dos reis católicos de Espanha; significa aqui as oportunidades perdidas (“Outros haverão de ter / O que houvermos de perder”), mas também que a missão de Portugal vai mais além da dos “Colombos” (“Mas o que a eles não toca / É a Magia que evoca / O longe e faz dele história.”).

“Ocidente” porque Portugal, sendo a "cabeça da Europa", tem de cumprir a missão do Ocidente.

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