ONU - IRAQUE - QUE FUTURO?
Com o cobarde ataque terrorista de hoje, a ONU, que não aprovara o início da guerra, acabou vítima de “caucionar” o pós-guerra.
Vítima da “confusão”, em termos de “alvo”, entre os EUA e a ONU (eventualmente vista como fonte “legitimadora” da “ocupação” norte-americana).
Quem está por trás do ataque terrorista? Quais os objectivos que visa? Finalmente, não deixa de ser uma trágica ironia que - em contraponto a um Iraque que não teria possivelmente condições de “exportar” o terrorismo no pré-guerra (contrariamente às “supostas ameaças de armas de destruição maciça” que levaram a que fosse desencadeada) -, acaba por surgir, agora que a guerra que o visava combater “havia já terminado” (declaração de G. W. Bush em 1 de Maio), na sua máxima força.
Parece ser patente que há grupos no Iraque que não têm qualquer interesse na pacificação e na normalização da vida do país.
Mas outras ilações têm de ser extraídas: a “tal guerra” que fora “muito fácil” de vencer (surpreendentemente fácil, se nos recordarmos da falta de resistência que as tropas americanas enfrentaram na sua entrada em Bagdade), transmuta-se agora numa “muito difícil” luta pela paz. Parece também evidente que os americanos não se tinham preparado devidamente para o pós-guerra, revelando um grande desconhecimento do “terreno”, da língua, dos costumes, da mentalidade do povo iraquiano.
O país começou a fragmentar-se e não chegou a afirmar-se uma sólida direcção central, não se tendo conseguido evoluções relevantes no processo de transição para a devolução da soberania aos iraquianos.
Não só a missão (eminentemente de ordem humanitária) da ONU não está a atingir os seus objectivos, como não se conseguiu garantir minimamente a segurança (as “baixas”, militares e civis, não pararam de aumentar, desde Maio).
Este será o desafio essencial do futuro próximo – garantir a segurança, que possa proporcionar condições para uma actuação mais efectiva.
Agora, mais “a frio”, passadas algumas horas sobre os tristes acontecimentos de hoje, quero, não obstante, acreditar que este revés – que atinge pessoalmente uma das figuras mais importantes, no topo da estrutura da Organização das Nações Unidas – não venha a ter implicações mais dramáticas, ao nível do que aconteceu à sua antecessora “Sociedade das Nações” e que a ONU possa continuar a sua actividade de pacificação, conciliação e harmonização a nível mundial.
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